Estabilidade de medicamentos

Quando um fármaco é manipulado e comercializado, é importante que garantir sua integridade em todos os aspectos dentro de um determinado prazo de tempo, a fim de assegurar a ação segura e eficaz deste no organismo. Além disso, a comercialização de um medicamento instável causa danos à reputação do fabricante, muitas vezes irreparáveis. Por essa razão, conduzir estudos e experimentos de estabilidade de fármacos e formas farmacêuticas é fundamental. A partir deles, podemos determinar a validade das substâncias, evitando todos os possíveis efeitos adversos delas.

Para ilustrar a importância desses estudos e experimentos de estabilidade podemos citar o caso da Talidomida, que ganhou repercussão mundial no final dos anos 50. Este medicamento começou a ser vendido na época com a promessa de acabar com náuseas, insônia e cefaleia. Se tratava de um remédio consumido principalmente por grávidas com a intenção de eliminar o enjoo durante a gestação. A marca alemã Contergan foi a pioneira ao inserir tal medicação no mercado e em transformá-la em um sucesso de vendas na Europa. Contudo, o consumo deste medicamento mais tarde demonstrou efeitos colaterais negativos que prejudicaram mulheres grávidas de forma irreversível. O Catergan formava focomelia nas gestantes. O triste resultado disso foram bebês nascendo com deformações nos braços e nas pernas.

No início da década de 60, a Assembleia Mundial em Saúde enfatizou a importância de agir diante dos efeitos colaterais frutos do uso de medicamentos. A intenção era disseminar a informação entre as pessoas. Com isso, foi criado um projeto piloto de pesquisa da OMS (Organização Mundial de Saúde) que levou à uma fiscalização internacional de medicamento. Assim Iniciou-se a Farmacovigilância, ou seja, a ciência relativa à identificação, avaliação e prevenção dos efeitos adversos ou quaisquer problemas relacionados a medicamentos.

Estabilidade do produto farmacêutico 

Trata-se da capacidade de extensão de um medicamento de manter as características e as propriedades iguais as que possuía no momento em que foi fabricado.

Tipos de estabilidade

ESTABILIDADE FÍSICA

Trata-se principalmente da integridade da substância ativa e os seus produtos de degradação. Determina as características físicas dos medicamentos, principalmente a eficácia e segurança. Fatores que podem afetá-las: vibrações e impactos, flutuações de temperatura e umidade.

ESTABILIDADE QUÍMICA

É a capacidade do fármaco em continuar com a identidade molecular e conformação espacial (a mais fácil e a mais relevante avaliação). Os principais fatores são: temperatura, umidade, luz e pH.

ESTABILIDADE MICROBIOLÓGICA

Trata-se das preparações aquosas e a estabilidade toxicológica traduzidas por uma decomposição, de substância ativa ou excipiente, capaz de gerar maior toxicidade. Deve assegurar a esterilidade ou resistência ao crescimento microbiológico.

ESTABILIDADE TERAPÊUTICA

Faz com que mudanças geradas por modificações físicas, químicas, microbiológicas ou tecnológicas incidam sobre a ação farmacológica do produto.

ESTABILIDADE TOXICOLÓGICA

Trata-se de uma decomposição que pode originar produtos possuindo maior toxicidade. Podem virar tóxicos tanto derivados da substância ativa, como do excipiente.

Fatores que afetam a estabilidade do medicamento

FATORES EXTRÍNSECOS

  • TEMPERATURA

Por ser a mais comum, também é a mais relevante das causas ambientais envolvidas na degradação de produtos farmacêuticos. Vale lembrar que na maioria das vezes a degradação química acelera com temperaturas mais altas, não existindo um acondicionamento capaz de preservá-las do efeito de calor.  Podemos diminuir a influência deste fator com um armazenamento adequado: congelando, mantendo refrigerado o mantendo o medicamento em temperatura ambiente.  

  • UMIDADE

Outro fator que muito influência na estabilidade dos medicamentos é a umidade. Os fármacos higroscópicos são muito sensíveis aos efeitos de degradação causados pela umidade relativa do ar. 

Fármacos não higroscópicos igualmente podem ser afetados, sobretudo se a umidade é associada às consequências da temperatura. Reações de hidrólise e afetar a cinética de degradação de fármacos é o que a umidade pode causar, afetando a estabilidade de medicamentos sólidos ou semissólidos. Contudo, a interferência da umidade por ser menor com o uso de embalagens impermeáveis ou uso de sachês com dessecante nos recipientes de armazenamento que evitam a deterioração. 

  • LUZ

Pode ser causadora de redução e oxidação dos medicamentos, já que o efeito da luz pode mudar a velocidade da reação no medicamento. Fazer uso de um recipiente âmbar e armazenar em locais adequados contribuem para uma menor influência deste fator.

FATORES INTRÍNSECOS

  • HIDRÓLISE

Caracterizado pela quebra de uma molécula por causa da água. É possível diminuir a influência deste fator mudando o solvente por glicerina (contudo, nem sempre é possível utilizar este método) e usar dessecantes em embalagens impermeáveis.

  • OXIDAÇÃO

Reações que são catalisadas pela temperatura e pela luz culminam na degradação do medicamento. Não gerar contato do medicamento com oxigênio e luz e o uso de oxidantes torna possível uma diminuição significante deste efeito.

MÉTODOS INDICATIVOS DE ESTABILIDADE FARMACÊUTICA

  • MÉTODO DE ARRHENIUS

Também chamado Garret, este método utiliza dados da temperatura e da velocidade da reação em uma equação quantitativa. Também se baseia em utilizar pelo menos três diferentes condições de temperaturas maiores do que o normal do medicamento, e avaliar a diminuição da substância ativa.

  • MÉTODO EMPÍRICO

O mais usado na criação de um medicamento por não conseguir gerar um prazo de validade preciso do medicamento. Este método revela que a cada aumento de 10°C , dobra o valor da velocidade da reação.

  • COEFICIENTE DE TEMPERATURA

Tem como base a equação entre a velocidade de reação em determinada temperatura e a velocidade de reação a 10 °C inferior. Este método tem como base um coeficiente de temperatura constante, porém é sabido que a temperatura muda velozmente em pouco tempo.

  • ANÁLISE TÉRMICA

Abundantemente usada na criação de novos produtos. Na análise térmica a amostra pode estar sob um programa de temperatura controlada, dinâmica ou constante, onde pode-se estudar as propriedades físicas ou químicas medidas como funções de temperatura ou tempo.

ESTUDOS DE ESTABILIDADE DE MEDICAMENTOS

  • ESTUDO DE ESTABILIDADE ACELERADO

Este estudo aumenta a velocidade da degradação química e também das mudanças físicas de um produto farmacêutico em condições forçadas de armazenamento. Os dados gerados desta forma em conjunto com os gerados através dos estudos de longa duração possuem a possibilidade de serem usados para avaliar efeitos químicos e físicos. Servem também para analisar a o impacto de curtas exposições a condições fora das determinadas no rótulo do produto, que podem ocorrer durante o transporte.

  • ESTUDO DE ESTABILIDADE ACOMPANHAMENTO

Estudo para analisar se o produto continua preservando suas principais características de acordo com os resultados gerados nos estudos de longa duração e também de estabilidade.

  • ESTUDO DE ESTABILIDADE DE LONGA DURAÇÃO

Utilizado para averiguação das características de um produto farmacêutico durante e, opcionalmente, após o prazo de validade esperado.

DIRETRIZES PARA REALIZAÇÃO DO ESTUDO DE ESTABILIDADE

  • ESTUDO DE ESTABILIDADE DE LONGA DURAÇÃO

Devem ser feitos testes a cada trimestralmente no primeiro ano, semestralmente no segundo ano e, por fim, uma vez durante o período que deseja avaliar. 

  • ESTUDO DE ESTABILIDADE ACELERADA

É necessário que sejam realizados testes em tempo zero, 3 e 6 meses. Este estudo deve ser conduzido em ambiente com condições de umidade e temperatura ideais pré-estabelecidas.

  • ESTUDO DE ESTABILIDADE ACOMPANHAMENTO

Todos os testes deverão ser feitos dentro do período de um ano para comprovar a estabilidade até a data de seu vencimento.

É possível observar o quão importante é a realização do estudo de estabilidade de medicamentos e também verificar as consequências causadas pelo seu não cumprimento. Esses estudos em si, demonstram mais que a determinação de um prazo de validade de um medicamento, eles geram resultados extremamente necessários quando nos mostram o quanto esses produtos são influenciados por agentes externos e internos e o tanto de tempo que eles são seguros para serem consumidos.

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